Perdas

Perder dói. Perder um jogo, um momento, uma oportunidade ou até mesmo uma vida. A vontade do ser humano de ter controle sobre tudo e todos o traz ao dilema de ter que enfrentar as perdas.

Algumas pessoas morreram na minha família, mas não tive ainda a oportunidade de enfrentar uma morte de alguém realmente próximo. Não sei como agiria. Nem sei se choraria.

No entanto, não é preciso acontecer uma morte pra se ter a noção do que é perder algo importante na vida. Quando há alguma mudança repentina já nos mostramos arredios. Ser demitido não está no seu controle. Quando se é criança, mudar de colégio geralmente não está muito nas suas mãos e você acaba perdendo o contato com as amizades que tinha. Isso também não está sob nosso controle. Perder uma simples chave já nos causa transtorno.

Tive a oportunidade de enfrentar uma perda recentemente. Não foi a perda de uma vida. Não foi a perda de uma amizade. Um amigo meu simplesmente vai morar nos Estados Unidos a partir do ano que vem. Ele é guitarrista de uma das minhas bandas e fizemos nosso último show com ele. Eu sempre me considerei frio, raramente choro. Mas dessa vez me vi numa situação triste. Triste de verdade. Não chorei, mas senti vontade de chorar. Nesse dia pude ver o quanto eu gostava desse cara e o quanto eu não queria que ele fosse embora e que as coisas não mudassem. Durante o show eu não consegui olhar direito pra ele, não consegui tocar direito. Mal consegui olhar pra platéia.

Adoraria chorar. Não consegui.