Meu Pitaco

Friday, July 28, 2006

Crime Organizado

Gente... Recebi isso por e-mail, logo não sei se é verdade, mas teoricamente se trataria de uma entrevista dada pelo tal Marcola, bandidão paulista.
Sendo ou não dele, é de fazer pensar. O sujeito nos dá uma lição que dez livros não nos daria.
Talvez seja hora de pararmos com idéias do século retrasado e começarmos a pensar que talvez as coisas estejam piores do que imaginamos e não é com pena de morte ou polícia mais rígida que as coisas serão reprimidas.

-Você é do PCC?
- “Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão”...

- Mas... a solução seria...
- “Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais(nós fazemos até conference calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução”.

- Você não têm medo de morrer?
- “Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... mas eu posso mandar matar vocês lá fora....Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba...Estamos no centro do Insolúvel, mesmo...Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 300 livros e leio Dante... mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo”.

- O que mudou nas periferias?
- “Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório...Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, ta ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência”.

- Mas o que devemos fazer?-
“Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí...Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo.... Já pensou? Ipanemaradioativa”?

- Mas... não haveria solução?
- “Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa...na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ognasperanza voi che entrate!" Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

Wednesday, July 12, 2006

Malandro é malandro e mané é mané...

A grande onda do momento é a esperteza. Você não consegue conversar com mais ninguém sem ouvir que a pessoa foi a uma festa tal sem pagar ingresso porque conhece fulano ou que foi ao Maracanã de graça porque fingiu ser da torcida organizada. A palavra malandro, antes meio pejorativa, agora é quase obrigatória pra quem quer conseguir alguma coisa na vida.
Quem acabou por endossar a minha opinião foi o Zuenir Ventura. Na coluna de hoje (12/07/06), ele cita o "triste fim" da nossa querida Fernanda Montenegro na novela das 9. Não me pergunte o que ela fez. Eu não acompanhava a novela! Mas sei que ela fazia um monte de coisas, inclusive, a única coisa que vi foi ver ela matar o Marcello Anthony no último capítulo (por favor, se eu estiver errado me corrijam!). Pois não é que ela não só fugiu pra Paris como ficou com o Cauã Reymond no final? Ok, isso é novela, que deveria ser uma representação da realidade e esse tipo de coisa é o que mais acontece hoje em dia.
Mas o que mais me espanta é que as novelas da Globo são decididas com a ajuda do famoso "grupo de discussão" que eles mantém lá. Nada mais é do que um monte de gente que eles pegam pra discutir os rumos da novela. Algo como um "e aí... o que vc achou daquele capítulo?". Eles acham personagens como o do Tony Ramos chato e personagens como o da Montenegro interessantes. Acham o Materazzi mais legal que algum outro jogador que não xinga o outro de terrorista argelino. Acham o Roberto Jéfferson o mártir da política brasileira. Acham legal quando os jogadores de futebol caem à toa no campo pedindo faltas e pênaltis que não existiram.

A malandragem impera. O malandro é o rei. Só fico imaginando se os malandros da antiga, imaginavam que a malandragem fosse ficar tão malandra assim.

Saturday, July 08, 2006

Brasil e o futebol

Acho que muitas vezes eu sou chato com o brasileiro porque sou brasileiro, mas ah!, êta povinho chato que a gente é, viu? Essa nossa fixação por futebol é coisa de maluco... Tudo tem limite! Eu mesmo adoro futebol. Jogo e assisto. Mas o que ocorre no Brasil passa do nível. Ninguém tem mais olhos pra nada, só pro maldito futebol. E quando o Brasil perde, como perdeu na Copa, pronto! Todos ficam tristes, amargos, como se o mundo tivesse acabado. O Brasil só perdeu um jogo! Nada além disso! O sujeito vai continuar tomando a cervejinha barata dele, continuará comprando o maço de cigarro diário, continuará comprando o Expresso ou o Meia-Hora, continuará não saindo de casa porque quer ver o último capítulo da novela, continuará jogando lixo no chão sem pensar em cidadania, continuará sendo nulo politicamente pro país, continuará reclamando de quantos quilos o Ronaldo engordou em 4 anos e depois vai querer chiar quando vê que o mercado de trabalho não o quer mais. Não sei se em outros lugares é assim, mas eu não consigo crer que o sentimento alienado seja tão grande como no nosso país. Vivemos em um estado letárgico eterno onde nossa única voz é quando nos perguntam sobre quem deveria ser o novo técnico da seleção.

Eu acho que deveria ser o Luxemburgo...

Pra Começar...

Eu sinto vontade de escrever e expor as minhas idéias. Tenho esse potencial, não adianta. Em parte também é mais uma vontade de trocar idéias com alguém sobre seja lá qual for o assunto. Pois bem, aqui será o espaço onde eu vou xingar a mãe, elogiar o pai.... sei lá!
Se quiserem leiam apenas, mas se comentassem ia ser muito bom, nem que fosse pra dizer que o texto tá ruim e que não concordam com a idéia. Pois se a maldita internet é livre, a troca de idéias é livre também, queira eu falar sobre futebol, música, atletismo ou onanismo.
Não tenho idéia da freqüência que escreverei aqui, pode ser todo santo dia, pode ser todo santo ano.

Abraços a todos
Ass.: Ygor Helbourn.